O PORTAL DAS PROBABILIDADES
O QUE NUNCA ACONTECEU IA SE TORNAR REALIDADE
UMA AVENTURA DE PERRY RHODAN
Gian Danton
“Na vida cotidiana, a característica lorenziana da dependência sensível das condições iniciais paira sobre tudo. Um homem sai de casa, de manhã, 30 segundos mais tarde, um vaso de planta deixa de acertar sua cabeça por uns poucos milímetros, e em seguida ele é atropelado por um caminhão. Pequenas perturbações no trajeto diário de uma pessoa podem ter grandes conseqüências”.
James Gleick, Caos – a criação de uma nova ciência
Personagens:
Perry Rhodan – o astronauta que não mudou o destino da humanidade
Gucky – o rato castor que faz a descoberta catastrófica
Reginald Bell - que não aceita estar morto
John Marshall - que conta uma história inacreditável
PARTE I
- Alô, Gucky! Você está aí?
- Não adianta, senhor. O rato-castor não responde.
Perry Rhodan recostou-se na cadeira de comando, pensativo. A Stardust havia passado por acaso próximo a um planeta desconhecido e quando os instrumentos detectaram uma anomalia no espaço-tempo, o rato-castor se ofereceu para investigar. Vestindo seu traje espacial, ele desapareceu da Stardust e entrou na atmosfera do planeta desconhecido. Desde então ele não fizera nenhuma comunicação. Isso acontecera há mais de uma hora.
Rhodan olhou para John Marshall. O telepata estava com ele há muitos anos e fora um dos primeiros membros do exército de mutantes. O Administrador Solar era munido de um bloqueio telepático que impedia Marshall de ler sua mente, ainda assim ele sabia exatamente o que o outro estava pensando.
- Sinto muito, senhor. Não consigo captar nenhum pensamento de Gucky. É como se ele não estivesse pensando...
- Ou como se algo estivesse impedindo seus pensamentos de chegarem até nós.
- O que faremos, Rhodan? Não podemos deixar aquela bola de pêlos lá embaixo.
Quem conhecesse Reginal Bell apenas superficialmente poderia achar que sua relação com Gucky não era das melhores. Entretanto, era em momentos como este que Bell demonstrava a grande amizade que tinha pelo rato-castor.
- Eu realmente não sei. Não posso ameaçar a tripulação da Stardust descendo no planeta. Mas também não posso abandonar nosso amigo...
Nisso o comunicador guinchou estridentemente.
- Per... Rho...aqu... Gucky!...
- Há uma interferência na mensagem, senhor. – explicou o oficial de comunicação.
- Tente melhorar a mensagem. E rastreie o sinal. Quero saber onde está Gucky.
A mensagem continuou:
- Você... e... gorducho... precisam ver isto... descer... aqui...
- Gucky, volte para a nave! – ordenou Rhodan, mas a comunicação já havia sido interrompida.
Houve um profundo silêncio na sala de comando. O Administrador-solar apoiou o queixo na mão, pensativo. Finalmente decidiu:
- Vamos descer! Preparem um planador. Marshall, você e Bell vêm comigo.
- Não, Rhodan! Não sabemos o que há lá embaixo. Você não deve ir conosco!
Rhodan pousou a mão sobre o ombro de Bell e falou calmamente:
- Bell, naquele dia, na Lua, tempos atrás... nós não sabíamos o que havia no lado negro. Era perigoso, mas nós fomos. Então encontramos Crest, Thora e a nave arcônida. Se tivéssemos deixado o medo nos dominar, não estaríamos aqui agora. Se aceitamos o desafio, aceitamos também os riscos. Agora vá se aprontar.
* * * * * * *
A nave deslizou suavemente na atmosfera do planeta. Nenhum instrumento parecia apresentar comportamento defeituoso, exceto pelo comunicador.
Rhodan ia nos controles. Embora tenha se tornado um administrador, ele ainda era um astronauta. No fundo ele sabia que Bell estava certo: a missão era de fato arriscada e ele, como Administrador Solar, não deveria participar dela. Entretanto, a sede de aventura acabou falando mais alto que a razão.
- Senhor, estamos nos aproximando do ponto indicado pelo rastreamento. – informou Marshall.
O monitor da nave mostrou uma vasta área da cidade em ruínas. As construções tinham aspecto de terem sido um dia bastante sólidas e deviam ter feito parte de uma grande civilização. Mas como uma civilização como aquela poderia desaparecer daquele jeito?
- Olhem, é Gucky! – Bell apontou para um ponto na imagem.
Lá estava o Rato-castor sobre uma coluna caída, acenando para os terranos.
Rhodan aterrissou próximo da coluna e abriu a comporta. O rato castor os recepcionou mostrando seu enorme dente de roedor.
- E aí, como vai, gorducho? Pensei que seu peso fosse derrubar a nave...
- Ora, seu...
Bell avançou, mas uma força invisível o segurou e o levantou um pouco acima do solo.
- Melhor esfriar a cabeça, gorducho. Vai precisar dela quando eu mostrar o que encontrei.
- Desça-o, Gucky! – ordenou Rhodan.
- Você é que manda, chefe. – concordou Gucky, retirando o controle telecinético sobre Bell, que desabou no chão.
Bell ainda estava limpando a poeira da roupa quando o grupo avançou, guiado por Gucky.
- Afinal, o que você achou, Gucky?
- Ainda não sei, mas pode ter certeza de que é algo importante.
- O que você achou pode ter sido o responsável pela destruição desta civilização? – Rhodan apontou para as ruínas ao seu redor.
- Acho melhor vocês mesmo verem.
O grupo parou em frente a um prédio imponente. Parecia uma espécie de Museu e, o mais surpreendente, estava muito conservado. Lá dentro, no salão principal, havia um portal de aproximadamente três metros. Não era feito de pedra, plástico ou qualquer outra substância conhecida.
- O que acha disso, Bell?
- É estranho, muito estranho. Parece ser mais antigo que o povo que construiu esta civilização.
- Há mais uma coisa estranha. – observou Gucky. Este é o único prédio intacto de todo o planeta. Mas há outra coisa, vejam...
O rato-castor passou o dedo por um móvel e mostrou para os outros.
- Estão vendo?
- Não estou vendo nada! – admitiu Bell.
- Isso é que é o estranho. Este é um planeta de ruínas. Este Museu, ou o que quer que seja, deveria estar repleto de poeira, mas está tudo limpo.
- É como se o tempo não tivesse afetado este lugar. – raciocinou Rhodan.
- Isso mesmo.- concordou Gucky.
De repente o portal começou a emitir uma estranha luz. Ela foi se tornando cada vez mais forte e com o tempo a terra começou a tremer.
Os quartos seres foram tomados por uma estranha vertigem. Súbito tudo ficou escuro. Era como se tivessem desmaiado.
Rhodan foi o primeiro a acordar. Uma forte dor de cabeça parecia impedir seus pensamentos. Ele olhou à volta: nada parecia ter acontecido a seus amigos. Estavam inconscientes, mas vivos. Gucky abriu os olhos e levantou o corpo. Suas mãos apertavam a cabeça.
- Ugh! Parece que fui atropelado pela Stardust...
Os outros foram acordando aos poucos. Logo estavam todos de pé.
- Vamos embora daqui. – sugeriu Rhodan. Não sabemos o que está acontecendo e não quero mais surpresa.
Os outros concordaram. Foram caminhando na direção da porta, os trajes espaciais e a dor de cabeça dificultando seus passos. Quando abriram a porta, depararam-se com o inacreditável.
Não estavam mais no planeta desconhecido. Estavam na Terra, em Washington... e a cidade estava em ruínas!
O QUE NUNCA ACONTECEU IA SE TORNAR REALIDADE
UMA AVENTURA DE PERRY RHODAN
Gian Danton
“Na vida cotidiana, a característica lorenziana da dependência sensível das condições iniciais paira sobre tudo. Um homem sai de casa, de manhã, 30 segundos mais tarde, um vaso de planta deixa de acertar sua cabeça por uns poucos milímetros, e em seguida ele é atropelado por um caminhão. Pequenas perturbações no trajeto diário de uma pessoa podem ter grandes conseqüências”.
James Gleick, Caos – a criação de uma nova ciência
Personagens:
Perry Rhodan – o astronauta que não mudou o destino da humanidade
Gucky – o rato castor que faz a descoberta catastrófica
Reginald Bell - que não aceita estar morto
John Marshall - que conta uma história inacreditável
PARTE I
- Alô, Gucky! Você está aí?
- Não adianta, senhor. O rato-castor não responde.
Perry Rhodan recostou-se na cadeira de comando, pensativo. A Stardust havia passado por acaso próximo a um planeta desconhecido e quando os instrumentos detectaram uma anomalia no espaço-tempo, o rato-castor se ofereceu para investigar. Vestindo seu traje espacial, ele desapareceu da Stardust e entrou na atmosfera do planeta desconhecido. Desde então ele não fizera nenhuma comunicação. Isso acontecera há mais de uma hora.
Rhodan olhou para John Marshall. O telepata estava com ele há muitos anos e fora um dos primeiros membros do exército de mutantes. O Administrador Solar era munido de um bloqueio telepático que impedia Marshall de ler sua mente, ainda assim ele sabia exatamente o que o outro estava pensando.
- Sinto muito, senhor. Não consigo captar nenhum pensamento de Gucky. É como se ele não estivesse pensando...
- Ou como se algo estivesse impedindo seus pensamentos de chegarem até nós.
- O que faremos, Rhodan? Não podemos deixar aquela bola de pêlos lá embaixo.
Quem conhecesse Reginal Bell apenas superficialmente poderia achar que sua relação com Gucky não era das melhores. Entretanto, era em momentos como este que Bell demonstrava a grande amizade que tinha pelo rato-castor.
- Eu realmente não sei. Não posso ameaçar a tripulação da Stardust descendo no planeta. Mas também não posso abandonar nosso amigo...
Nisso o comunicador guinchou estridentemente.
- Per... Rho...aqu... Gucky!...
- Há uma interferência na mensagem, senhor. – explicou o oficial de comunicação.
- Tente melhorar a mensagem. E rastreie o sinal. Quero saber onde está Gucky.
A mensagem continuou:
- Você... e... gorducho... precisam ver isto... descer... aqui...
- Gucky, volte para a nave! – ordenou Rhodan, mas a comunicação já havia sido interrompida.
Houve um profundo silêncio na sala de comando. O Administrador-solar apoiou o queixo na mão, pensativo. Finalmente decidiu:
- Vamos descer! Preparem um planador. Marshall, você e Bell vêm comigo.
- Não, Rhodan! Não sabemos o que há lá embaixo. Você não deve ir conosco!
Rhodan pousou a mão sobre o ombro de Bell e falou calmamente:
- Bell, naquele dia, na Lua, tempos atrás... nós não sabíamos o que havia no lado negro. Era perigoso, mas nós fomos. Então encontramos Crest, Thora e a nave arcônida. Se tivéssemos deixado o medo nos dominar, não estaríamos aqui agora. Se aceitamos o desafio, aceitamos também os riscos. Agora vá se aprontar.
* * * * * * *
A nave deslizou suavemente na atmosfera do planeta. Nenhum instrumento parecia apresentar comportamento defeituoso, exceto pelo comunicador.
Rhodan ia nos controles. Embora tenha se tornado um administrador, ele ainda era um astronauta. No fundo ele sabia que Bell estava certo: a missão era de fato arriscada e ele, como Administrador Solar, não deveria participar dela. Entretanto, a sede de aventura acabou falando mais alto que a razão.
- Senhor, estamos nos aproximando do ponto indicado pelo rastreamento. – informou Marshall.
O monitor da nave mostrou uma vasta área da cidade em ruínas. As construções tinham aspecto de terem sido um dia bastante sólidas e deviam ter feito parte de uma grande civilização. Mas como uma civilização como aquela poderia desaparecer daquele jeito?
- Olhem, é Gucky! – Bell apontou para um ponto na imagem.
Lá estava o Rato-castor sobre uma coluna caída, acenando para os terranos.
Rhodan aterrissou próximo da coluna e abriu a comporta. O rato castor os recepcionou mostrando seu enorme dente de roedor.
- E aí, como vai, gorducho? Pensei que seu peso fosse derrubar a nave...
- Ora, seu...
Bell avançou, mas uma força invisível o segurou e o levantou um pouco acima do solo.
- Melhor esfriar a cabeça, gorducho. Vai precisar dela quando eu mostrar o que encontrei.
- Desça-o, Gucky! – ordenou Rhodan.
- Você é que manda, chefe. – concordou Gucky, retirando o controle telecinético sobre Bell, que desabou no chão.
Bell ainda estava limpando a poeira da roupa quando o grupo avançou, guiado por Gucky.
- Afinal, o que você achou, Gucky?
- Ainda não sei, mas pode ter certeza de que é algo importante.
- O que você achou pode ter sido o responsável pela destruição desta civilização? – Rhodan apontou para as ruínas ao seu redor.
- Acho melhor vocês mesmo verem.
O grupo parou em frente a um prédio imponente. Parecia uma espécie de Museu e, o mais surpreendente, estava muito conservado. Lá dentro, no salão principal, havia um portal de aproximadamente três metros. Não era feito de pedra, plástico ou qualquer outra substância conhecida.
- O que acha disso, Bell?
- É estranho, muito estranho. Parece ser mais antigo que o povo que construiu esta civilização.
- Há mais uma coisa estranha. – observou Gucky. Este é o único prédio intacto de todo o planeta. Mas há outra coisa, vejam...
O rato-castor passou o dedo por um móvel e mostrou para os outros.
- Estão vendo?
- Não estou vendo nada! – admitiu Bell.
- Isso é que é o estranho. Este é um planeta de ruínas. Este Museu, ou o que quer que seja, deveria estar repleto de poeira, mas está tudo limpo.
- É como se o tempo não tivesse afetado este lugar. – raciocinou Rhodan.
- Isso mesmo.- concordou Gucky.
De repente o portal começou a emitir uma estranha luz. Ela foi se tornando cada vez mais forte e com o tempo a terra começou a tremer.
Os quartos seres foram tomados por uma estranha vertigem. Súbito tudo ficou escuro. Era como se tivessem desmaiado.
Rhodan foi o primeiro a acordar. Uma forte dor de cabeça parecia impedir seus pensamentos. Ele olhou à volta: nada parecia ter acontecido a seus amigos. Estavam inconscientes, mas vivos. Gucky abriu os olhos e levantou o corpo. Suas mãos apertavam a cabeça.
- Ugh! Parece que fui atropelado pela Stardust...
Os outros foram acordando aos poucos. Logo estavam todos de pé.
- Vamos embora daqui. – sugeriu Rhodan. Não sabemos o que está acontecendo e não quero mais surpresa.
Os outros concordaram. Foram caminhando na direção da porta, os trajes espaciais e a dor de cabeça dificultando seus passos. Quando abriram a porta, depararam-se com o inacreditável.
Não estavam mais no planeta desconhecido. Estavam na Terra, em Washington... e a cidade estava em ruínas!